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Princípios sobre a mesa do Senhor
à luz da unidade do Corpo de Cristo
O Corpo de Cristo é único e não pode ser dividido e nós temos a grande alegria e privilégio de testificar dessa unidade nas igrejas locais. O testemunho que damos é único, pois é um testemunho que só pode ser dado na base genuína da unidade, que nós, nas igrejas locais, partilhamos como nossa herança bendita. Se perdermos nossa unidade, perderemos o nosso testemunho de restauração única do Senhor na terra, pois a unidade é o que o Senhor está restaurando hoje, para a Sua plena expressão em Seu Corpo coletivo, que é o Seu aumento e expansão na humanidade.
Em Sua sabedoria, o Senhor não nos deixou sem um símbolo prático dessa unidade. O símbolo da unidade que desfrutamos é visto no pão da mesa do Senhor; esse pão simboliza não apenas o corpo físico de Jesus dado em Sua morte para sermos redimidos, mas também o Corpo místico de Cristo produzido mediante Sua ressurreição para a Sua expressão singular. Quando participamos do pão da mesa do Senhor, identificamo-nos com o Senhor crucificado e ressurreto e com o Seu Corpo universal e declaramos a todo o universo que somos um, que estamos separados de toda a divisão. Participar do pão, portanto, é tocar o coração do Senhor, pois o pão e a nossa participação conjunta do pão tocam o Corpo do Senhor, pelo qual o Senhor deu a Sua vida.
Infelizmente, nem todos entre nós valorizam a unidade do Corpo de Cristo e alguns até se levantaram em oposição a ela mediante o estabelecimento de "reuniões da mesa do Senhor" que estão separadas do sentimento do Corpo e levianamente desconsideram esse mesmo sentimento. Nos últimos anos, o irmão Dong Yu Lan e os seus cooperadores têm demonstrado tal desconsideração pelo testemunho adequado do Senhor e pela unidade que a grande maioria na restauração do Senhor se esforça por manter. Eles estabeleceram muitas reuniões da "mesa do Senhor" independentes, muitas delas em localidades onde igrejas locais adequadas já existiam. Muitos santos sofreram bastante sob essa influência e abstiveram-se de participar do pão e do cálice nas suas localidades, porque tinham a percepção de que o pão ali já não podia simbolizar o único Corpo de Cristo, mas tinha se tornado um pão sectário. Agora existe o perigo de que aqueles que deixaram a influência sectária da obra de Dong Yu Lan estabeleçam precipitadamente as suas próprias reuniões da "mesa do Senhor", sem a comunhão do Corpo e, portanto, correndo o risco de causar um prejuízo maior ao testemunho do Senhor. Que o Senhor use este artigo, que apresenta trechos do ministério de Watchman Nee e de Witness Lee, para impressionar os buscadores que O amam com o fato de que estabelecer a mesa do Senhor é uma questão séria que envolve não apenas uma localidade ou um grupo de crentes, mas o Corpo universal de Cristo.
A mesa do Senhor é uma questão de grande seriedade porque envolve o Corpo de Cristo
Estabelecer a mesa do Senhor numa localidade é uma questão que deve ser considerada com a maior seriedade, porque envolve o Corpo de Cristo, o desejo do coração do Senhor. Estabelecer uma "mesa" numa cidade onde já existe uma igreja local adequada é especialmente ofensivo para o Senhor:
Estabelecer igrejas segundo nossos próprios desejos é o maior pecado. Devemos temer mais do que qualquer outra coisa fundar uma igreja. Irmãos, será que vemos a seriedade desse assunto? Nada é pior do que estabelecer uma igreja à vontade. Podemos fundar qualquer coisa, mas jamais devemos estabelecer uma igreja dessa maneira, porque isso envolve a questão do Corpo de Cristo. Devemos ter clareza, perante Deus, a esse respeito. Aonde quer que vamos, primeiramente devemos descobrir se já existe ou não uma igreja naquela localidade. Não é uma questão de se a igreja ali é forte ou não. Isso é outra questão. Não importa se a igreja ali é espiritual ou não. (...) Se há uma igreja local em uma localidade, não devemos estabelecer outra. Devemos temer estabelecer outra mesa para partir o pão. Isso é algo terrível. (Watchman Nee, The Collected Works of Watchman Nee, vol. 56, pp. 379-380)
Porque o pão na mesa do Senhor simboliza o único Corpo de Cristo, temos de examinar-nos para ver se estamos ou não envolvidos em alguma divisão. Se participarmos do pão de uma maneira sectária e não discernirmos o Corpo, danificaremos o testemunho do Senhor e incorreremos no Seu juízo por participarmos do pão e do cálice de maneira indigna (1Co 11:27-29).
Todos nós precisamos discernir o Corpo místico de Cristo. Sempre que tocamos no pão da mesa do Senhor, temos de ver que o pão denota esse Corpo único. Não deve haver divisões entre nós, porque o pão denota o Corpo místico. Se estivermos envolvidos em divisão e, contudo, participarmos do pão, não teremos benefício, mas sofreremos perda. (Witness Lee, The Spirit and the Body, p. 215)
Quando participamos de qualquer pão na mesa que se chama mesa do Senhor, temos de discernir cuidadosamente se aquele pão simboliza ou não o Corpo universal de Cristo, sem divisão. Se não simboliza, não devemos participar dele. (Witness Lee, A Brief Presentation of the Lord's Recovery, p. 55)
Nunca considere a divisão uma coisa insignificante. Temos de tomar a mesa do Senhor com reverência e em temor, para que não toquemos no Corpo do Senhor sem discernimento. Temos de discernir que aquilo de que estamos prestes a participar é o Corpo único de Cristo. Nesse Corpo único não deve haver divisão. Se não estiver envolvido em divisão, então terei paz e uma consciência limpa para tocar no Corpo do Senhor. (Witness Lee, The Spirit and the Body, p. 215)
Nunca devemos estabelecer a mesa do Senhor de maneira precipitada, sem a comunhão adequada no Corpo tanto localmente como universalmente e sem o devido apreço pela unidade da igreja como o Corpo universal de Cristo, porque a mesa do Senhor é uma questão extremamente séria.
A base adequada da igreja
Para sermos protegidos da divisão, a fim de podermos participar da mesa do Senhor na comunhão única do Corpo universal de Cristo, é necessário que a igreja local mantenha a sua posição na base adequada, a base da unidade. O Novo Testamento revela que a base da igreja é constituída por três elementos cruciais: a unidade singular do Corpo universal de Cristo, a única base da localidade e a realidade do Espírito da unidade.
O primeiro elemento da constituição da base da igreja é a unidade singular do Corpo universal de Cristo, que se chama "a unidade do Espírito" (Ef 4:3). Foi por essa unidade que o Senhor orou em João 17. É a unidade do mesclar do Deus Triúno processado com todos os crentes em Cristo. Essa unidade está no nome do Pai (Jo 17:6, 11), denotando a pessoa do Pai, na qual está a vida do Pai. Essa unidade está, até mesmo, no Deus Triúno através da santificação feita pela Sua palavra santa como a verdade (Jo 17:14-21). Essa unidade está, enfim, na glória divina para expressão do Deus Triúno (Jo 17:22-24). Tal unidade foi infundida no espírito de todos os crentes em Cristo, quando foram regenerados pelo Espírito de vida com Cristo como a vida divina; essa unidade tornou-se o elemento básico da base da igreja.
O segundo elemento da base da igreja é base singular da localidade em que uma igreja é estabelecida e existe. O Novo Testamento nos apresenta um quadro claro de que todas as igrejas locais, como a expressão da igreja universal – o Corpo universal de Cristo – estão localizadas em suas respectivas cidades. Portanto, vemos a igreja em Jerusalém (At 8:1), a igreja em Antioquia (At 13:1), a igreja em Cencréia (Rm 16:1), a igreja em Corinto (1Co 1:2) e as sete igrejas na Ásia em sete cidades respectivamente (Ap 1:4, 11). Cada cidade como o limite onde a igreja existe é a base local daquela igreja. Tal base singular da localidade preserva a igreja da divisão provocada por muitos assuntos diferentes como bases diferentes tal como as denominações sectárias como os batistas, presbiterianos, luteranos, metodistas e episcopais estão divididas.
O terceiro elemento da base da igreja é a realidade do Espírito da unidade, que expressa a unidade singular do Corpo universal de Cristo na base singular da localidade de uma igreja local. Resumidamente, o terceiro elemento da base da igreja é a realidade do Espírito, que é a realidade viva da Trindade divina (1Jo 5:6; Jo 16:13). É por meio desse Espírito que a unidade do Corpo de Cristo se torna real e viva. É também por meio desse Espírito que a base da localidade é aplicada em vida e não legalmente. E é por meio desse Espírito que a base genuína da igreja está ligada com o Deus Triúno (Ef 4:3-6). (Witness Lee, A Brief Presentation of the Lord's Recovery, pp. 28-29)
Para evitar uma situação de divisão e confusão, é imperativo que cuidemos adequadamente desses três elementos cruciais para mantermos, de maneira prática, a unidade genuína da igreja sem qualquer divisão (Ef 4:3). Baseado nos três elementos da base da igreja, está claro que a base da igreja, que é a base da unidade, não é apenas local, mas também universal. Dos três elementos da base da igreja, tanto o primeiro como o terceiro são universais, não locais. Para estarmos adequadamente posicionados como uma igreja local genuína, temos de respeitar completamente tanto o aspecto local como universal da base da igreja.
A base da igreja não deve ser meramente local; também deve ser universal. Localmente, a base da igreja é a base da localidade; universalmente, a base da igreja é a unidade genuína. Cristo tem apenas um Corpo. A unidade do Corpo de Cristo é a base universal da igreja.
Suponha que todas as igrejas locais na Coréia são uma entre si, mas que não são uma com as igrejas nos outros continentes. Se este fosse o caso, as igrejas na Coréia teriam a base local, a base da localidade, mas não teriam a base universal, a base da unidade do Corpo. Em todo o universo Cristo tem apenas um Corpo. Todas as igrejas locais nos seis continentes – América do Norte, América do Sul, Europa, África, Austrália e Ásia – são só um Corpo. Essa é a base universal da unidade genuína.
A igreja é uma localmente com base em sua localidade, a cidade, e é uma universalmente com base no único Corpo de Cristo. Essa unidade local e universal é a base genuína da igreja. (Witness Lee, Vital Factors for the Recovery of the Church Life, pp. 52-53)
Finalmente, precisamos ver que a base da genuína unidade está no nosso espírito humano regenerado. Se tentarmos permanecer na base da unidade de uma maneira mental sem estar no espírito, tornaremos a base da unidade um fator de divisão.
Mediante a leitura de alguns dos livros que publicamos, alguns amados tomaram o ensinamento da base da localidade. Para eles, contudo, a base da localidade pode ser algo na mente. Dessa maneira, até a base da unidade se torna um fator sectário. A base da unidade é para a unidade, não para divisão, mas se tomarmos a base da unidade na nossa mente e fizermos disso um assunto mental, imediatamente se tornará um fator de divisão. Em vez disso, temos de regressar ao espírito. (…) A restauração só é possível no nosso espírito. (Witness Lee, Enjoying the Riches of Christ for the Building Up of the Church as the Body of Christ, p. 188)
Uma questão de base, não de condição
A condição de uma igreja local pode mudar, mas o reconhecimento de uma igreja local genuína não se baseia na sua condição, mas no fato de manter a base adequada.
O que preserva uma igreja local de ser dividida é a sua base, não a sua condição. (…) A condição de uma certa igreja pode ser boa, mas isso não garante que a base dessa igreja seja correta. Uma igreja local pode ter uma condição fraca, no entanto, ainda é uma igreja local genuína desde que mantenha a base da unidade genuína do Corpo. Por outro lado, uma igreja local pode ter uma condição boa, mas é uma divisão, uma divisão local, se não se preocupar com a base genuína da unidade do Corpo de Cristo expressa na sua localidade. (Witness Lee, A Brief Presentation of the Lord's Recovery, p. 51)
As sete igrejas em Apocalipse 2 e 3 tinham condições diferentes. Na verdade, cinco dessas igrejas estavam em condições de grande degradação. O Senhor, contudo, reconheceu-as como igrejas locais genuínas não com base na sua condição, mas por estarem na base adequada.
Testes de uma igreja local genuína
Há testes específicos que determinam se uma igreja local é ou não uma igreja local genuína. Um grupo de crentes tem de passar nos seis testes antes de ser reconhecido como uma igreja adequada na sua localidade. (Vide Witness Lee, Young People's Training, pp. 185-198; The Spirit and the Body, pp. 210-214; A Brief Presentation of the Lord's Recovery, pp. 52-54)
Não tem um nome especial
Uma igreja local não deve tomar qualquer nome além do nome do Senhor Jesus, que é o nosso Marido (1Co 1:10; 2Co 11:2). Tomar qualquer outro nome é cometer fornicação espiritual e tornar-se uma denominação.
Não tem um ensinamento nem práticas especiais
Uma igreja local não deve ter ensinamentos nem práticas especiais. As denominações têm os seus ensinamentos e práticas específicos, tais como lavar os pés, falar em línguas, ou uma determinada maneira de batismo. Elas recebem os crentes com base em determinados ensinamentos ou práticas, não com base na fé no Senhor Jesus Cristo. Se insistirmos em qualquer coisa além da fé cristã comum como a base para recebermos os crentes (Tt 1:4; 2Pe 1:1; Rm 14:1; 15:7), somos facciosos.
Não tem comunhão especial
Como cristãos fomos chamados à comunhão do Filho de Deus (1Co 1:9). As denominações têm uma comunhão especial que é mais limitada do que a comunhão do Filho de Deus. Aqueles que estão em denominações limitam-se a ter comunhão com aqueles que guardam as suas doutrinas e práticas privadas e exclusivas. Uma comunhão especial é facciosa e devemos rejeitá-la.
Não tem uma administração separada
Uma igreja local tem apenas um presbitério com uma administração (At 14:23; Tt 1:5). Um determinado grupo cristão pode não ter um nome em especial, um ensinamento ou prática especial ou uma comunhão especial, mas se tiver a sua própria administração, separada da única administração da igreja na sua localidade, esse grupo é uma divisão e deve ser reconhecido como tal.
Dispostos a ter comunhão com todas as igrejas locais no Corpo universal de Cristo
Uma igreja local genuína deve permanecer na comunhão universal do Corpo de Cristo, que é a comunhão do Espírito (2Co 13:14). Uma igreja local deve estar disposta a abrir-se à comunhão com todas as outras igrejas locais da terra, para permanecer nessa comunhão. Se uma igreja local se isolar das outras igrejas locais, torna-se uma divisão local.
Não tem ligações ocultas com organizações
Um grupo pode passar todos os testes anteriores e parecer uma igreja local genuína. No entanto, se esse grupo tiver ligações ocultas com outras organizações, também é sectário.
Antes de estabelecer a mesa do Senhor na nossa localidade, temos de considerar cuidadosamente se há algum grupo de crentes na nossa localidade que passe os seis testes referidos acima. Se existir um grupo assim, não temos outra escolha, a não ser reconhecê-lo como uma igreja local genuína na nossa localidade. Nesse caso, não temos liberdade de estabelecer outra "mesa" na nossa cidade. Se tal grupo não existe e se nós passamos em cada um dos seis testes que determinam uma igreja local genuína, temos liberdade para posicionar-nos como a igreja na base da unidade e começar a mesa do Senhor. Contudo, não devemos fazer isso de maneira apressada nem isolada; devemos fazê-lo tendo comunhão com as igrejas vizinhas e com os cooperadores na restauração do Senhor, que representam o Corpo de Cristo. Antes de estabelecer a mesa do Senhor, devemos assegurar-nos de que aquilo que fazemos está na comunhão do Corpo universal de Cristo.
A comunhão do Corpo de Cristo
A comunhão do Corpo de Cristo é a circulação do Espírito nos membros do Corpo e entre eles, é semelhante à circulação do sangue no corpo humano. Não é uma comunhão especial de uma doutrina ou prática em particular, mas é o fluir da vida divina nos membros do Corpo e entre eles. Se tivermos a prática adequada das igrejas locais, temos de ter um conhecimento adequado da comunhão do Corpo de Cristo.
A comunhão dos apóstolos
A comunhão do Corpo de Cristo é a comunhão dos apóstolos, que se baseia no ensinamento dos apóstolos e provém do ensinamento dos apóstolos.
A comunhão do Corpo de Cristo é a comunhão dos apóstolos – a comunhão divina entre todos os crentes e o Deus Triúno. A expressão a comunhão dos apóstolos é usada em Atos 2:42: "E perseveravam no ensinamento e na comunhão dos apóstolos". Depois, 1 de João 1:3 diz que a comunhão dos apóstolos não está meramente conosco, crentes, mas também com o Pai e o Filho. Aqui João não mencionou o Espírito diretamente, porque ele estava falando no Espírito. O Espírito já lá estava. A comunhão dos apóstolos é a comunhão do Corpo de Cristo, a comunhão divina entre todos os crentes e o Deus Triúno.
A comunhão dos apóstolos baseia-se no ensinamento dos apóstolos. A comunhão vem sempre depois do ensinamento. Se não houver ensinamento, não há o elemento ou a esfera da comunhão. Na verdade, o ensinamento é o elemento e a esfera da comunhão. Pela misericórdia do Senhor, hoje na restauração do Senhor estamos sob o ensinamento dos apóstolos e na comunhão dos apóstolos. A comunhão da restauração em que estamos é a comunhão restaurada dos apóstolos; essa comunhão perdeu-se, mas foi restaurada. Hoje estamos na comunhão dos apóstolos, que é a comunhão da restauração do Senhor. (Witness Lee, A Brief Presentation of the Lord's Recovery, pp. 38-39)
Qualquer ensinamento que é diferente do ensinamento único dos apóstolos sobre a economia neotestamentária de Deus (1Tm 1:3-4) produz uma comunhão sectária que, por fim, levará à divisão.
A comunhão da restauração única do Senhor
A comunhão dos apóstolos que desfrutamos é a comunhão para a restauração única do Senhor, na qual há apenas uma obra para levar a cabo o único ministério do Novo Testamento para a edificação do único Corpo de Cristo.
Temos sempre de lembrar-nos que estamos na restauração do Senhor e que a Sua restauração é única. Não há outra restauração, assim como não há outro Corpo de Cristo nem outro Novo Testamento. A comunhão dos apóstolos é a comunhão para a única restauração do Senhor. Quando vemos que na restauração ocorre alguma coisa que não é boa, precisamos ter esse tipo de comunhão e uma atitude adequada. (…) Quando vemos que há alguma coisa errada na restauração ou em alguma igreja local, devemos dar o melhor para ajudar a situação por meio de comunhão para que isso seja melhorado e corrigido. Se houver alguma coisa errada, podemos e devemos ter comunhão e orar juntos e procurar a liderança do Senhor para melhorar a situação para o benefício de todos os santos. Isso será de grande ajuda na restauração do Senhor.
Não devemos ter o conceito de que podemos fazer uma obra específica à nossa maneira na restauração. Podemos ser muito dotados e ter uma grande capacidade para realizar alguma coisa. No entanto, o que fizermos pode ser o mesmo que as pessoas mundanas fazem ao levar a cabo um empreendimento. Temos de perceber que na restauração do Senhor há apenas uma obra. (Witness Lee, A Brief Presentation of the Lord's Recovery, pp. 39-40)
A necessidade de comunhão entre as igrejas para preservar a unidade universal do Corpo de Cristo
De modo a preservar a unidade universal do Corpo de Cristo, é imperioso que as igrejas desfrutem comunhão umas com as outras, que é desfrutar a circulação da vida divina entre as igrejas. Quando há a circulação adequada, os germes da divisão são tragados e permanecemos numa condição saudável. Se isolarmos a nossa localidade dos outros ou se tivermos territórios separados na obra, provocaremos divisão no Corpo e perderemos o testemunho da unidade.
Alguns irmãos podem ter receio de que os outros venham visitá-los. Contudo, aquilo de que precisamos hoje entre as igrejas é mais circulação divina, mais comunhão. Há cerca de cinquenta igrejas na Califórnia, mas não há muita comunhão entre elas. Aqui reside a nossa falha e é por isso que somos fracos. A circulação ajuda-nos e ajuda os outros. Ajuda todos no Corpo. Precisamos de comunhão. Essa comunhão é a comunhão dos apóstolos, que é hoje a comunhão da restauração. A comunhão entre nós hoje é a comunhão restaurada dos apóstolos.
Todas as igrejas da terra fazem parte da única restauração do Senhor. Não deve haver fronteiras que separem as igrejas umas das outras. Alguns cooperadores, no passado, tiveram o sentimento de que uma determinada região era o seu território. Temos de ver, porém, que não é saudável nem proveitoso na restauração do Senhor que alguém tenha uma fronteira para a sua obra. A única fronteira é a fronteira da restauração. Não devemos dizer: "Esta é a minha igreja. Esta é a minha obra no meu território". Temos apenas uma obra. Essa obra é a obra da restauração que tem por base o ensinamento dos apóstolos. A solução para o problema dos assim chamados territórios e fronteiras entre as igrejas é a comunhão. Não devemos pensar que a vinda dos outros à nossa região pode perturbar a nossa obra. Não temos de defender a nossa obra. A nossa obra é a obra do Senhor, que é a obra de restauração. Precisamos da comunhão adequada entre todas as igrejas em todas as nações e precisamos de uma visão clara acerca do ensinamento dos apóstolos e da comunhão dos apóstolos.
Essa comunhão destina-se a preservar a unidade universal do Corpo de Cristo (Jo 17:11b, 20-23; Ef 4:3-6). Efésios 4:3 exorta-nos a esforçar-nos por preservar a unidade do Espírito. Podemos manter essa unidade, porque ela já nos pertence. Temos essa unidade; por isso, apenas precisamos preservá-la. Por mais fracos que sejamos, ainda temos a unidade. Isso é porque ainda temos a circulação do "sangue", a circulação do Espírito. Se não tivéssemos a circulação, estaríamos espiritualmente mortos. Enquanto tivermos vida, por mais fracos que sejamos, temos essa unidade. Ela pertence a cada crente. O que precisamos depois é apenas preservar a unidade. Quando preservamos a unidade, estamos na comunhão única da restauração do Senhor. (Witness Lee, A Brief Presentation of the Lord's Recovery, pp. 42-43)
A comunhão das igrejas locais
As igrejas locais são as muitas expressões locais do Corpo universal de Cristo. Embora estejam geograficamente afastadas umas das outras, elas não podem ser divididas. Para manter a comunhão universal do Corpo de Cristo, é necessário que as igrejas locais tenham comunhão com todas as igrejas locais genuínas em toda a terra.
As igrejas locais devem ter comunhão com todas as igrejas locais genuínas em toda a terra para manter a comunhão universal do Corpo de Cristo. Qualquer igreja local que não preserva essa comunhão universal do Corpo de Cristo é sectária e torna-se uma divisão local. Algumas pretensas igrejas locais não são genuínas e tornaram-se divisões; não precisamos ter comunhão com tais "igrejas". No entanto, devemos ter comunhão com todas as igrejas locais genuínas em toda a terra para preservar a comunhão universal do Corpo de Cristo. Caso contrário, já não somos uma igreja, mas uma divisão. Uma igreja permanece no Corpo; uma divisão é um grupo de crentes que se divide do Corpo. Quando o meu braço permanece no corpo, é uma parte do meu corpo vivo. Se for cortado e separado do corpo, torna-se uma coisa morta. (Witness Lee, A Brief Presentation of the Lord's Recovery, p. 44)
Como lidar com as divisões
É um fato trágico que algumas igrejas se separaram da comunhão de todas as igrejas locais e se tornaram divisões. Ao considerar como lidar com as divisões, primeiro temos de considerar as igrejas isoladas como divisões com base não na condição dessas igrejas, mas na base imprópria que elas tomaram. Além disso, temos de discernir como lidar com aqueles que entraram em contato com as divisões ou que foram infectados com os germes da divisão.
Não devemos recomendar a nenhum crente nas igrejas locais que participe nas reuniões e nas atividades das divisões. No entanto, pode haver alguns que participem na reunião da mesa do Senhor numa igreja local e, depois de participar da mesa, eles podem sair e ir a uma reunião dos facciosos ouvir uma mensagem. Se algum crente numa igreja local participar nas reuniões e participar nas atividades dos facciosos, as igrejas locais não devem excluí-lo da comunhão da igreja, desde que ele não esteja infectado por nada faccioso nem promova o que é sectário. Lidar com essa pessoa depende se ela foi infectada ou não pelos "germes" da divisão e se ela está contaminando os outros com esses germes. Se ela contamina os outros com os germes, temos de adverti-la a não fazer isso. Não podemos tolerar os germes da divisão.
Se algum crente que se reúne com alguma dessas divisões sectárias participar das reuniões das igrejas locais ou se contatar as reuniões dos crentes nas igrejas locais, ele não deve ser rejeitado, desde que não promova nada sectário.
Contudo, se alguém for ousado e promover as divisões sectárias deve ser considerado faccioso e deve ser rejeitado após uma primeira e segunda admoestação (Tt 3:10). Creio que essa é a maneira justa e bíblica de lidar com as divisões que se separaram das igrejas locais genuínas e que quebraram a comunhão única do Corpo de Cristo. De qualquer maneira, segundo o ensinamento dos apóstolos no Novo Testamento, devemos rejeitar (Tt 3:10) e afastar-nos (Rm 16:17) de qualquer um que provoque divisões, que seja sectário e tenha os "germes" da divisão, isto é, que seja faccioso. (Witness Lee, A Brief Presentation of the Lord's Recovery, pp. 48-49)
Discernir o Corpo
Para participar da mesa do Senhor, temos de discernir o Corpo e examinar-nos para ver se estamos ligados a alguma divisão. O nosso testemunho depende de discernirmos o Corpo.
A restauração do Senhor não é um movimento nem uma divisão. Todos, de todas as idades, devem estar juntos em harmonia. Não somos uma divisão e não há divisões entre nós. Antes, somos o testemunho do único Corpo e do Espírito. Sempre que vimos para a mesa do Senhor, declaramos a todo o universo que somos um, que saímos da divisão e que não há divisões entre nós. Quando tocamos o pão, que representa o único Corpo de Cristo no universo, temos de ter o testemunho em nossa consciência de que não estamos envolvidos com nenhuma divisão. Se não temos uma consciência clara acerca da divisão quando tocamos a mesa do Senhor, sofreremos, pois comemos e bebemos sem discernir o Corpo. Isso não será proveitoso para nós. Que o Senhor tenha misericórdia de nós para que, sempre que vamos à mesa do Senhor, examinemos a nossa consciência para determinar se estamos envolvidos ou não com alguma coisa sectária.
Uma vez que esta é uma época de confusão e divisão, temos de discernir que grupo de cristãos é o genuíno testemunho do único Corpo. Então, nós próprios temos de ter a certeza de que não temos semente alguma de divisão nem fonte de divisão entre nós. Se não houver divisão entre nós, a nossa consciência estará clara e daremos um forte testemunho do Corpo do Senhor ao universo. Então, a bênção do Senhor estará sobre nós. (Witness Lee, The Spirit and the Body, pp. 215-216)
--Tony Espinosa e Bob Danker